domingo, 19 de fevereiro de 2012

Sociedade e Na Natureza Selvagem

 "Na vida de cada homem há dois aspectos: a vida pessoal, tanto mais livre quanto mais restritos são os seus interesses, e a vida geral, social em que o homem obedece inevitavelmente as leis prescritas"

"Instalamos-nos, portanto, na cidade. Aí toda a vida é suportável para as pessoas infelizes. Um homem pode viver cem anos na cidade, sem dar por que morreu e apodreceu há muito. Falta tempo para o exame de consciência. As ocupações, os contatos sociais, a saúde, as doenças e a educação das crianças preenchem-nos o tempo. Tão depressa se tem de receber visitas e retribuí-las, como se tem de ir a um espetáculo, a uma exposição ou a uma conferência. De fato, na cidade aparece a todo momento uma celebridade, duas ou três ao mesmo tempo que não se pode deixar perder. Tão depressa de tem de seguir um regime, tratar disto ou daquilo, como se tem de falar com os professores, os explicadores, as governantas. A vida torna-se assim completamente vazia"
Leon Tostoi
Respectivamente, "Guerra e Paz" e "A sonata de Kreutzer"




    A música apresentada acima é trilha sonora de um filme chamado Na Natureza Selvagem (Into de Wild, no original). O filme conta a história (real) de um jovem, Christopher McCandless que resolve, após terminar a faculdade, com 22 anos, doar todo seu dinheiro a uma intuição de caridade e seguir uma vida de andarilho. Não avisa a ninguém, nem amigos nem família, e muda de identidade. Começa a apresentar-se por Alex Supertramp. Durante sua viagem, pegando carona com várias pessoas e em trens de carga, Alex chega até Stampede Trail, no Alasca e passa a se alojar em um ônibus abandonado, numero 142 da Fairbanks Transit System. Alex descreve sua ida ao o Alasca como "uma batalha para matar seu falso interior":

 "Dois anos ele caminha pela terra. Sem telefone, sem piscina sem animal de estimação, sem cigarros. Liberdade definitiva. Um extremista. Um viajante estético cujo o lar é a estrada.Fugido de atlanta, não retornarás porque "o Oeste é melhor". E agora, depois de dois anos errantes chega à última e maior aventura. A batalha final para matar o seu falso interior e concluir vitoriosamente a revolução espiritual. Dez dias e noites de trens de carga e pegando carona o trazem ao grande e branco Norte. Para não mais ser envenenado pela civilização, ele foge e caminha sozinho sobre a terra para perder-se na natureza"
(Alex Supertramp, Maio de 1992)

  
     Acredito que na música, o que está sendo julgado não é o termo 'sociedade' em geral. Mas sim a civilização e a sociedade predominante que existe dentro dela.
    Na minha visão, Alex não era apenas um jovem revoltado com a sociedade que queria 'viver a vida no mato'. Eu acredito, que, ao passarmos a viver em uma civilização nos somos 'moldados', pela mídia, pelo governo, pelas pessoas em nosso redor. Temos que seguir um padrão, estético e social, caso contrario, somos vistos como estranhos, somos julgados e repreendidos. A solução para algumas pessoas, é viver na natureza, pois lá você poderá ser livre. Você descobrirá o seu verdadeiro interior, as verdadeiras coisas que você sente e que gosta. Não haverá, em meio a natureza, nenhuma influência de outros sobre você, apenas aquelas que você mesmo escolheu ser influenciado, lá é sim uma sociedade, porem uma sociedade livre.

"Há um tal prazer nos bosques inexplorados; 
Há uma tal beleza na solitária praia; 
Há uma sociedade que ninguém invade, 
Perto do mar profundo e da música do seu bramir.
Não que eu ame menos o homem, mas amo mais a natureza"
-Lord Byron